Seis meses após o início do segundo mandato do presidente Donald Trump, uma nova pesquisa nacional revela que a maioria dos americanos apoia a concessão de cidadania a imigrantes indocumentados sem antecedentes criminais. O levantamento, conduzido pela Universidade de Massachusetts Amherst (UMass), também aponta um declínio no apoio às políticas migratórias mais duras adotadas pela atual administração.
Segundo o comunicado divulgado pela UMass nesta quarta-feira, cerca de 63% dos mil entrevistados entre os dias 25 e 30 de julho se disseram favoráveis a um caminho para a cidadania de imigrantes em situação irregular, desde que não tenham cometido crimes.
A pesquisa também mostra que 67% dos participantes são contra a separação de imigrantes indocumentados de seus filhos durante ações de fiscalização migratória. Além disso, 54% se opõem à deportação de imigrantes para prisões estrangeiras.
Apesar disso, a maioria dos entrevistados (69%) ainda apoia a deportação de imigrantes com antecedentes criminais. No entanto, esse número representa uma queda em relação à pesquisa anterior, realizada em abril pela mesma universidade, quando 74% defendiam essa medida.
Para Tatishe Nteta, professor de ciência política e diretor da pesquisa, os resultados indicam que, se o governo Trump quiser alinhar sua política migratória à opinião pública, deve priorizar a detenção e remoção de imigrantes com histórico criminal.
A administração Trump tem como meta deportar 11 milhões de imigrantes indocumentados e autorizou ações rigorosas de fiscalização, incluindo operações em escolas, igrejas e outros locais tradicionalmente considerados seguros para imigrantes.
No entanto, o apoio a esse tipo de abordagem é limitado. Apenas 30% dos entrevistados defendem a deportação de imigrantes que trabalham em tempo integral e pagam impostos. Já 37% apoiam a deportação de pessoas sem antecedentes criminais além da infração migratória, e 33% são favoráveis à deportação de imigrantes cujos filhos nasceram nos Estados Unidos.
A pesquisa também revelou amplo apoio à proteção de imigrantes legais. Cerca de 70% dos participantes acreditam que estrangeiros com vistos válidos devem ter acesso aos mesmos direitos constitucionais garantidos aos cidadãos americanos, como liberdade de expressão, direito a advogado e julgamento justo antes da deportação.
Por outro lado, apenas uma minoria defende a deportação de imigrantes legais que se manifestam contra a política externa dos Estados Unidos. Um exemplo citado foi o caso da estudante de doutorado da Universidade Tufts, Rümeysa Öztürk, que criticou a guerra em Gaza. Embora o apoio à deportação de estudantes internacionais como ela seja maior entre republicanos, conservadores e eleitores de Trump, não ultrapassa 50% nesses grupos.
A pesquisa também apontou resistência à aplicação da lei de imigração em locais sensíveis: pouco mais da metade dos entrevistados se opõe a ações de fiscalização em igrejas, escolas e hospitais. Já em outros ambientes, a opinião pública se divide — 43% apoiam a fiscalização em residências e 40% em locais de trabalho.
A pesquisa foi realizada pela plataforma YouGov com mil participantes em todo o país e tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais.
Foto: Boston Globe
Fonte: Boston Globe