Offline
Portadores de green card vivem clima de apreensão com aumento de detenções na volta aos EUA
Publicado em 27/07/2025 16:10
Imigração

Nos últimos meses, tem crescido o número de detenções de portadores de green card — residentes permanentes legais nos Estados Unidos — durante tentativas de reentrada no país. Essas prisões têm causado apreensão em muitas famílias e levantado debates sobre a rigidez das políticas migratórias sob a atual administração.

Um caso emblemático é o de Esther Ngoy Tekele, uma mulher de 23 anos, natural da República Democrática do Congo, residente legal no Vermont há quatro anos. Em 6 de julho, ao cruzar a fronteira com o Canadá junto à família, foi detida por agentes de imigração e mantida incomunicável por dias, acusada de supostamente ter mentido sobre seu estado civil na entrada no país. Tekele, mãe de uma criança de dois anos e cuidadora da mãe, não possui antecedentes criminais. Após pressão de sua defesa e da comunidade local, foi liberada sob fiança de US$ 7.500, mas ainda enfrenta processo de deportação, com audiência marcada para o final de julho.

O caso de Esther não é isolado. Advogados especializados relatam um aumento expressivo nas verificações de antecedentes criminais entre residentes permanentes durante o retorno ao país. Lewelyn Dixon, residente legal há décadas, foi presa ao voltar de viagem por causa de uma condenação antiga, por furto, ainda que sem registros criminais recentes. O endurecimento da fiscalização tem feito com que muitos green card holders evitem viajar para não correr o risco de serem barrados ou detidos ao tentar retornar.

Segundo especialistas, a política atual busca acelerar a remoção de imigrantes com histórico criminal, mesmo que esse seja antigo ou de baixo risco. “Estamos em uma era de máxima aplicação da lei”, explica o advogado Benjamin Osorio, ressaltando que o objetivo é prender e deportar o maior número possível de pessoas em situação irregular ou com antecedentes, ainda que resolvidos há anos.

Por outro lado, críticos apontam que essa abordagem pode afetar injustamente pessoas que vivem legalmente no país e contribuem para suas comunidades. Organizações de direitos humanos e advogados alertam para o impacto emocional e social dessas detenções, que muitas vezes ocorrem sem aviso e dificultam o acesso a defesa legal.

A resposta das autoridades federais tem sido que o rigor na fiscalização é uma continuidade e intensificação das políticas de imigração, buscando garantir que somente aqueles que cumpram os requisitos permaneçam nos EUA. No entanto, isso tem gerado uma crescente sensação de insegurança entre os portadores de green card, que agora precisam avaliar cuidadosamente os riscos antes de viajar.

Em meio a esse cenário, advogados recomendam que os residentes permanentes busquem orientação legal antes de sair do país, especialmente se possuem registros policiais ou históricos de conflitos com a lei, mesmo que antigos. A incerteza e a imprevisibilidade das decisões administrativas aumentam a ansiedade dessas famílias, que veem a possibilidade de serem separadas ou privadas do direito de retorno.

O aumento das detenções levanta uma questão fundamental sobre o equilíbrio entre o controle migratório e os direitos de quem já conquistou um status legal nos EUA. Enquanto o governo reforça sua política de “lei e ordem”, cresce a demanda por processos mais transparentes e humanizados que garantam justiça e segurança para todos.

 

Com Informações de BRAZILIANTIMES 

Comentários